EPVC animou a “Feira dos Vinte” de Vila do Conde

Realizou-se no passado dia 17 de janeiro mais uma edição da recriação da “Feira Grande de Janeiro”, também conhecida por “Feira dos Vinte” promovida pela Câmara Municipal de Vila do Conde e que contou com a colaboração das escolas do Concelho que, anualmente, decoram as colheres de pau e são responsáveis pela sua venda, na Praça de S. João, junto ao mercado municipal. A animação do evento foi assegurada pela Associação Cultural “Velha Lamparina” e também por alunas do 3º ano do curso de Animador Sociocultural da Escola Profissional de Vila do Conde, que trajaram à século XVIII, evocando a instituição desta feira.
De facto, a criação da “Feira dos Vinte” recua no tempo, levando-nos até 1704, ano em que D. Pedro II, na sequência de uma solicitação das gentes de Vila do Conde, emite, a 5 de setembro, um Alvará Régio instituindo a Feira Franca de Santo Amaro, a realizar ao dia 20 de cada mês, sendo que todos os moradores das vizinhanças a ela deviam acorrer com os seus gados e outras “…cousas que mais tivessem para vender…” “… a qual se podia fazer junto de uma capela de Santo Amaro que ficava na entrada da dita vila…” como se pode ler na referida provisão régia.
Às feiras acorriam lavradores, rapazes e raparigas das freguesias vizinhas, com os seus trajes de festa, bem como comerciantes de locais mais distantes, onde, para além das trocas comerciais, se trocavam também olhares e palavras galanteadoras… Com o passar dos anos, as feiras foram perdendo alguma importância, no entanto, o seu carácter socializante havia de permanecer, já que era um local privilegiado para travar “conhecimentos”, onde as conversas decorriam muitas vezes em rimas e onde as raparigas contabilizavam os rapazes com quem tinham namoriscado… o que acabaria por criar a designação da “Feira dos Namorados”.
As colheres de pau eram o “meio de transporte”, das mensagens apaixonadas que o rapaz oferecia à rapariga com quem mais simpatizasse e que num passado não muito distante, foram pretexto para começar namoros e amores.